A dermatite atópica, frequentemente chamada de eczema atópico, é uma doença inflamatória crônica da pele que se manifesta com sintomas incômodos, como lesões avermelhadas, descamação e uma coceira persistente.
Em geral, surge na infância, mas pode afetar indivíduos de qualquer faixa etária, impactando a qualidade de vida e bem-estar.
A dermatite atópica (DA) se destaca como uma das doenças de pele mais prevalentes na infância. Um estudo global abrangente, o International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC), revelou que a doença afeta uma parcela significativa das crianças, com uma taxa de 7,9% entre aquelas de 6 a 7 anos e 7,3% na faixa etária de 13 a 14 anos. No Brasil, os dados do mesmo estudo indicaram uma prevalência de 7,3% em crianças e 5,3% em adolescentes nessas idades. A dermatite atópica também impacta a vida adulta, afetando cerca de 1 a 3% da população na maioria dos países.
Quais as causas da dermatite atópica?
Apesar de ainda não haver uma causa única definida para a DA, sabe-se que a sua manifestação está relacionada à combinação de fatores genéticos e ambientais.
Para além da predisposição genética, diversos fatores podem atuar como gatilhos, desencadeando ou agravando os sintomas da dermatite atópica. Dentre os principais, podemos citar:
Fatores ambientais
- Clima seco e frio: o ar com baixa umidade resseca a pele, comprometendo sua função de barreira e facilitando a inflamação.
- Poluição: a presença de poluentes no ar pode irritar a pele sensível de pessoas com dermatite atópica.
- Alérgenos: ácaros presentes na poeira doméstica, pólen, pelos de animais e fungos estão entre os alérgenos mais comuns que podem desencadear crises.
Fatores irritantes
- Sabonetes, detergentes e perfumes: produtos com fragrâncias e compostos químicos agressivos removem a oleosidade natural da pele, causando ressecamento e irritação.
- Lã e tecidos sintéticos: o contato direto com esses materiais pode gerar atrito e irritação na pele, agravando o quadro.
Fatores emocionais
- Estresse, ansiedade e depressão: o impacto emocional pode influenciar no sistema imunológico, tornando a pele mais suscetível à inflamação e aos sintomas da dermatite atópica.
Alimentos
- Reações alimentares: em alguns casos, principalmente em crianças, o consumo de leite de vaca, ovo, soja, trigo e frutos do mar pode estar associado à piora da dermatite atópica.
Principais sintomas
A dermatite atópica se caracteriza pela alternância entre períodos de melhora e piora dos sintomas, cuja intensidade pode variar significativamente. Por isso, é importante ficar atento aos sinais:
- Pele seca e áspera: a hidratação comprometida é um dos primeiros sinais, tornando a pele áspera ao toque.
- Vermelhidão: as áreas mais afetadas costumam ser as dobras dos braços, atrás dos joelhos, pescoço e rosto, mas podem se espalhar.
- Coceira intensa: a coceira persistente, que piora durante a noite, é um dos sintomas mais incômodos da dermatite atópica.
- Pequenas bolhas: em casos mais intensos, podem surgir pequenas bolhas que liberam líquido e formam crostas.
- Espessamento da pele: com o tempo e a recorrência da inflamação, a pele das áreas afetadas pode se apresentar mais espessa.
Como tratar Dermatite Atópica?
O diagnóstico da dermatite atópica é clínico, sendo realizado por um médico dermatologista a partir da análise do histórico do paciente e do exame físico das lesões. Exames complementares podem ser solicitados para descartar outras condições dermatológicas.
Apesar de não haver cura definitiva para a dermatite atópica, o tratamento adequado é fundamental para controlar os sintomas, evitar complicações e proporcionar mais qualidade de vida aos pacientes. Este tratamento é individualizado, baseado nas necessidades de cada pessoa, e geralmente envolve:
- Hidratação intensiva da pele: é essencial manter uma rotina de skincare com o uso diário de hidratantes, especialmente após o banho, pois são cruciais para restaurar a barreira cutânea e minimizar a perda de água, reduzindo o ressecamento e a coceira.
- Corticosteroides tópicos: cremes ou pomadas com corticoides são receitados para reduzir a inflamação e aliviar a coceira, sendo o uso supervisionado pelo médico.
- Imunomoduladores tópicos: em casos moderados a graves, medicamentos que regulam o sistema imunológico da pele podem ser prescritos para controlar a inflamação.
- Anti-histamínicos: esses medicamentos orais auxiliam no alívio da coceira, especialmente à noite, promovendo um sono mais tranquilo.
- Imunossupressores: medicamentos sistêmicos, como ciclosporina, micofenolato, metotrexato e azatioprina são indicados para dermatite atópica recalcitrante, disseminada ou incapacitante que não melhora com o tratamento tópico e fototerapia.
- Imunobiológicos: o dupilumabe é o primeiro imunobiológico aprovado para uso clínico pelo US Food and Drug Administration (FDA), pelo European Medicines Agency (EMA) e pela Anvisa para tratamento da dermatite atopica em pacientes com DA moderada a grave e que não estão bem controlados com as terapias usuais. Deve ser prescrito por um médico dermatologista e o acompanhamento regular é fundamental durante o uso da medicação.
- Inibidores de JAK (janus kinase): recentemente aprovado pela Anvisa, o upadacitinibe é um inibidor oral seletivo e reversível de JAK indicado para o tratamento de dermatite atópica moderada a grave em pacientes adultos e adolescentes a partir de 12 anos de idade. Ao inibir a ação da JAK 1, o medicamento modula a ação das substâncias envolvidas no processo inflamatório, interrompendo o ciclo da dermatite atopica desde o início. Também deve ser prescrito por um médico dermatologista e o seguimento regular é crucial para uma boa resposta ao tratamento.
- Fototerapia: a exposição controlada à luz ultravioleta, sob supervisão médica, pode ser eficaz em alguns casos.
- Identificação e controle dos fatores desencadeadores: evitar os fatores que desencadeiam ou agravam os sintomas é crucial para o sucesso do tratamento.
A dermatite atópica, por ser uma condição crônica, demanda acompanhamento médico regular com um dermatologista especializado em tratamentos de pele e cirurgias estéticas. Somente um(a) profissional qualificado(a) poderá realizar o diagnóstico preciso e indicar o plano de tratamento individualizado, visando o controle dos sintomas, a prevenção de complicações e o bem-estar do paciente a longo prazo.
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